Fragmentos de um Só

Prefiro ser e poder estender a mão a alguém, Do que ter algo para ocupá-las. Aquele que valoriza o ter É oco no seu ser. Seja alguém antes de ter algo, Para que este algo tenha algum valor.

tenho pelo aquilo que sou? ou sou por aquilo que tenho? o ter me completa por fora, o ser me dao tamanho da alma. cuidado !!! ao ter, antes de ser. pois voce podera ocupar suas maos e não poder estende-las, a quem necessitar delas das poucas coisas que tenho a de maior valor é quem eu sou.

ESTAÇÃO Ninguém sabe a estação, O bilhete não te da direito A poltrona que você escolheu. Na primeira classe todos loucos, Para saber como é a segunda classe. Na segunda classe todos pensando, Na primeira, sem saber a merda que é lá. Passageiros confusos, sem rumo e sem saber Onde descer, apesar da loucura dos corredores Deste trem louco que é a vida, Vale mais a pena ficar aqui em minha Cabine. Mesmo sem ter sido a que meu bilhete Dava direito.

O óbvio do óbvio O óbvio do horror , é o horror de tentarmos ser Nós mesmos , sem ao menos nos conhecermos O óbvio do amor, é amar alguém pelo que ela é E não pelo que se sente. O óbvio do dia a dia, é ter horário para acordar Almoço ao meio dia, e a noite para dormir O óbvio do ridículo , é achar que só outros São ridículos O óbvio da solidão, estar só, nada é mais óbvio O óbvio da sua existência , pontos de interrogação O óbvio de sermos tão óbvios, esta no óbvio de não Aceitarmos o fato de sermos tão óbvios.

Toda rua tem uma esquina, Ou toda esquina, é que tem uma rua! Não importa, o que importa, É o ângulo, perfeito! e reto que formam. Simétricas , belas e sérias. Sérias sim, nunca vi, uma esquina sorrindo pra mim. Perto delas, muitas vezes tem um beco. De todos, o pior é o sem saída. O beco é um cara sem sorte, De nunca ter encontrado, uma avenida.

Chuva de lagrimas e dores. Chuva de magoas e prantos. Chuva de sons e ritmos, O ritmo marca, o descompasso De nossos sonhos. O som embala, Nossos dias de pranto sem fim. Cada gota da goteira, É uma magoa a existir. Poças d'agua são as dores, Nossas todas expostas. Porem o que molha E inunda minha alma, São as lagrimas, Com seu gosto salgado. De uma promessa, que este Sofrimento um dia terá fim. Até lá, o que será de mim? Tristes dias de chuva sem fim.

Escravo de mim mesmo, Preso as minhas expectativas, Nem sempre correspondidas. Sofro por meses, me alegro por horas. Volto ao normal e tudo é muito louco. Que de tão doido, fica difícil saber o que é real. Um brinde a quem inventou o sonho, Onde só lá, sou livre para ser enfim, Feliz.

CHARGE existem pessoas que entram em nossas vidas por acaso mas não é por acaso que algumas delas permanecem. vivo a vida assim , como quem degusta um chocolate um pedaço de cada vez. Adoraria dividir algumas Barras de vez em quando com alguém.

Triste e linda menina, alegre no que lhe resta de sonho. Trôpega, avança com medo, Diante do sol, mais uma vez a se por. A noite lhe abraça e lhe acolhe, Com seu negro manto. Ela um pouco mais a vontade, Talvez devido à escuridão da noite, Da-se ao luxo de observar as coisas ao seu redor. Sem praticamente entender o que faz ela ali naquele momento. Algo que ela desconhece, a conduziu até ali, Algo talvez como seu coração, quase seco. O próximo passo parece difícil, mas alguém, Que ela não lembra bem quem é, Disse-lhe para continuar em frente, Sem lhe dizer bem o motivo. Bem, mas a noite veio lhe trazer paz e descanso. Resta-lhe algumas horas de escuridão então. Onde ela fechara seus olhos, podendo então, Ser feliz por alguns momentos em seus sonhos, Desfrutando das fantasias que lhe alimentam o espírito. Para que possa seguir em frente, durante o dia que se anuncia. Dia este, que ela percorrerá, trôpega e talvez alegre quem sabe, No que lhe resta de sonho, onde não entende porque deve

Sentado a mercê do tempo que lhe resta, Esta o velho. corpo ainda firme, Com força suficiente para manter o olhar aberto, Na esperança de poder registrar algum momento, Que faça valer sua jornada até aqui. A tristeza no brilho do olhar, Denota a certeza de que foi talvez em vão, ter permanecido firme até então. Resta-lhe pouco tempo, E muito ainda por fazer. A força e o espírito, já não têm a mesma sintonia. E uma lagrima sentencia, o breve e fatídico fim de uma longa jornada. onde havia muita fé em dias melhores por vir. Em breve haverá um ultimo suspiro, Como um breve adeus. Na duvida de uma certeza, Se realmente valeu a pena o percurso até aqui. Eis o fim e como é triste, A maneira como se anuncia.

As palavras são e serão sempre as mesmas. Coladas de maneira diferente. Vou colando-as, conforme monto e refaço, Pedaços de sentimentos e lembranças Em minha alma. Por mais que eu os cole, Jamais voltarei a ter o original, Do ser que havia em mim. Restara então apenas Fragmentos de um só.

Estar junto e estar só O só comigo, estando contigo. É na solidão onde e encontro, Só assim me vejo por inteiro. Tendo o inteiro, podendo fragmentar Fragmentando o ser , a ser colado depois. Colado na ordem inversa, Do que realmente sou. Estar só e ao mesmo tempo Junto a mim. O inteiro do avesso, na ordem inversa Do fragmento em mim.