Fragmentos de um Só

E se tivéssemos mais tempo? O que faríamos com ele? Com certeza perderíamos muito tempo, Para entender pra que tanto tempo. Tempo ligado a uma órbita planetária Inclinada a girar, contando o tempo. A marcar o tempo que nos resta E o tempo que já não temos mais. Raulzito já dizia: “a frieza do relógio não compete com a quentura do meu coração” dois ponteiros, frios e imparciais. Lentos e precisos no seu avançar. Resta-me seguir assim sem tempo, Dentro do tempo que me resta a mais.

Sou e existo, tão somente Naquele segundo. Neste breve e impreciso mundo. Onde tenho o mesmo tempo pra ser, Do que o tempo para ter. Eu sou o tempo que tenho. Tenho um tempo para ser O alguém que sou, Onde não resta muito tempo Pra entender bem Quem sou.

Não basta a nós, todo tempo que temos. O tempo esgota-se, a cada longo e breve segundo. Cabe a nós, vive-lo um tempo por vez. Temos tempo pra quase tudo, Sempre sem tempo, pra quase nada. Tempo para ser aproveitado, É onde nos encontramos aprisionados. O erro talvez esteja, no fato de corrermos Sempre contra e nunca a favor dele. Se tenho todo o tempo do mundo, Com o que será que perco tanto tempo?

Cada qual com o seu tempo Como se exclusivo, a cada um ele fosse. O tempo é igual a todos, Sendo diferente no uso Que dele se faz. Somos todos seres Diferentes entre si. Dentro do mesmo tempo. Talvez hoje eu não tenha mais tempo, Quem sabe amanha? Amanha é outro tempo, Tempo diferente do de hoje, Igual ao de ontem, Que se repetira amanha.

Não devemos dar tempo ao tempo E sim tomarmos o tempo do tempo. Fazer com que as coisas aconteçam Não ao seu tempo E sim ao nosso próprio tempo Que falta um tampo a mais me faz. Resta-me seguir assim sem tempo Dentro do tempo que me resta a mais.